O
COLAPSO DO SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL.
Público
ou privado, o atendimento em saúde no país vira um suplício para pacientes que
dependem do SUS ou que tenham plano particular
Por: Caio
Cigana e Humberto Trezzi 13/07/2013 - 17h03min
Público
ou privado, o sistema de saúde do país está doente. O suplício de não encontrar
um médico ou leito para internação deixou de ser uma lamúria restrita à
população carente, usuária dos SUS. Com o avanço da renda na década, quase 16
milhões de brasileiros passaram a contar com um plano de saúde.
Saiba
mais:
A
garantia de atendimento célere, entretanto, virou ilusão. Enquanto o número de
clientes das operadoras aumentou 45%, a oferta de médicos pelas empresas não
acompanhou a expansão e a estrutura de saúde. Na contramão, minguou. Pelo lado
das entidades da categoria, há relatos até de descredenciamentos de médicos
devido a queixas na remuneração dos planos — que seguem reajustados para os
segurados, enquanto a qualidade do serviço cai.
—
Em 10 anos, as mensalidades aumentaram 160% e os honorários, 50%. Há uma grande
defasagem — reclama Márcio Bichara, secretário de saúde suplementar da
Federação Nacional dos Médicos (Fenam).
Na
saúde pública, repete-se o clamor por médicos e estrutura. Mas a raiz do
problema não está na falta de profissionais, diagnóstico comum tanto das
corporações médicas quanto de governos. Sustentam que apenas estão mal
distribuídos, concentrados em grandes centros e ausentes no Interior e nas
periferias — assim como a estrutura que permitiria um atendimento mais digno e
rápido. Também admitem que há falta de vagas hospitalares e que o número tende
a diminuir. Mas discordam em quase tudo no que se refere a soluções.
Os
médicos tendem a defender melhores salários e a obrigação dos jovens
concursados de irem ao Interior. Já o governo quer importar profissionais.
—
Vários países importam médicos, qual o problema? É uma questão de oferta e
procura. Mas as entidades de classe médicas são corporativas, querem apenas
valorizar os ganhos dos seus representados, esquecendo que a saúde é um bem de
todos — alfineta o diretor de Assistência Hospitalar e Ambulatorial da
Secretaria Estadual de Saúde, Marcos Lobato, também médico.
Os
governos entendem que a saúde básica deve ser reforçada, ao mesmo tempo em que
os hospitais deveriam se especializar. Já a maioria das entidades de classe
propugna aumento dos valores para internações, como forma de garantir a
sustentação dos hospitais. E compra de aparelhos.
—
Caneta e estetoscópio não significam atendimento. Qual médico gosta de
trabalhar sem aparelhos, sem condições, tendo de fazer o paciente esperar
meses? — diz Lobato.